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quarta-feira, 30 de junho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
Piratas
"(...) Vamos agora ao que nos ensina a palavra experiência. A palavra experiência vem do latim experiri, provar (experimentar). A experiência é em primeiro lugar um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se prova. O radical é periri, que se encontra também em periculum, perigo. A raiz indo-européia é per, com a qual se relaciona antes de tudo a ideia de travessia, e secundariamente a idéia de prova. Em grego há numerosos derivados dessa raiz que maracam a travessia, o percorrido, a passagem (...). Em nossas línguas há uma bela palavra que tem esse per grego de travessia: a palavra peiratês, pirata. O sujeito da experiência tem algo desse ser fascinante que se expõe atravessando um espaço indeterminado e perigoso, pondo-se nele à prova e buscando nele sua oportunidade, sua ocasião. A palavra experiência tem o ex de exterior, de estrangeiro, de exílio, de estranho e também o ex de existência. (...) Tanto nas línguas germânicas como nas latinas, a palavra experiência contém inseparavelmente a dimensão de travessia e perigo (...)."
Por Jorge Larrosa Bondía in NOTAS SOBRE A EXPERIÊNCIA E O SABER DA EXPERIÊNCIA. Revista Brasileira de Educação, jan-abr, número 019; 2002.
Por Jorge Larrosa Bondía in NOTAS SOBRE A EXPERIÊNCIA E O SABER DA EXPERIÊNCIA. Revista Brasileira de Educação, jan-abr, número 019; 2002.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Aprendendo a viver
"Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar ."
Do Aprendendo a viver da Clarice.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar ."
Do Aprendendo a viver da Clarice.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
dos outros (Adelita e Sofia)
Externa - campo aberto
o gramado está disforme, encoberto por ramos de folhas secas.
Adelita está procurando alguma coisa que perdeu. Sua expressão traduz o cansaço de quem, por horas, busca em vão por algo importante. Tateia a grama com os pés, joga as folhas secas pro alto na esperança de encontrar debaixo daquilo tudo.
Ela olha bruscamente para o horizonte; as luzes estão morrendo. Um pranto silencioso escorre pelo seu corpo. Relutante, começa a dar passos largos pelo campo, no impulso de correr desvairadamente.
A câmera descobre Sofia. Atônita. Sentada num canto, observando Adelita de longe. O corpo hesita em levantar, receoso. Os olhos fixos no campo e em Adelita.
corta: Chave do motorhome no contato. Uma mão a gira.
volta: Sofia olha pra trás e vê todos entrando no motorhome prontos pra seguir viagem.
Volta-se para Adelita, um segundo de silêncio que lhe paralisa.
Dispara em sua direção.
(Sofia) - Vem, vem, Adelita! Vamos seguir (ainda um pouco constrangida)
Sofia freia o passo quando chega bem perto de Adelita e não diz nada. Tem vontade de voltar, quase se arrependendo de estar alí.
Adelita está de costas pra ela, ainda procurando.
(Sofia) - Desculpa...Eu sei que isso é importante pra você. Ai, como sou idiota. (voltando-se para o motorhome)
(Adelita, ainda chorosa) - Não...deixa disso... era só um presente que eu queria ter comigo! (Ela dá uma última olhada para o campo, já anoitecido e vira-se para Sofia com um olhar mais tranquilo).
(Adelita) - Bora, Bora...já é mesmo hora.
Adelita põe suas mãos sobre a cintura de Sofia e arrasta seu corpo pesado sobre ela. Sofia se desequilibra, as duas quase caem. riem. e se abraçam.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Na Cachoeira
EXT. / DIA - TRILHA NO MATO
Alex, Galo, Gongom e Sofia andam pelo mato.
SOFIA
Mas então você nunca conviveu com
ninguém a fundo fora seus pais?
ALEX (Sotaque Francês)
Pois é... Nunca antes tinha
ficado tão longe do mar... Só
conhecia cidades litorâneas...
Rio de Janeiro, Marseille,
Sydney...
GONGOM
Mas e aí, então você nunca foi
pra escola, saiu pra beber,
namorou com ninguém?
ALEX
Ah, tinha vinho no barco...
GONGOM
Hum, sei...
ALEX
É, a verdade é que careço de
experiências...
GALO
Fica tranqüilo Alexão (leia-se
Aléchão), nós vamos te propiciar
as maiores experiencias da sua
vida.
ALEX
Firmeza.
Os amigos riem e imitam ele falando.
GALO
Firrrmeza!
GONGOM
Firrrmeza!
SOFIA
Ai, que ótimo, já aprendeu.
Alex sorri e olha para frente. Eles chegaram a uma
cachoeira.
Sofia e Galo tiram as roupas e ficam pelados, Gongom fica
só com uma samba canção do Piu-Piu e Frajola. Alex tira
toda a roupa também.
GONGOM
Você não tem vergonha?
ALEX
Não, uê, vocês parecem não terrr.
Tem algum prroblema?
GALO
Problema nenhum Alexão!
ALEX
Então tá.
Por de trás do mato alguém os observa. Alex se encaminha
em direção à cachoeira, mas Sofia o detém.
SOFIA
Alex, me diz uma coisa. Você é
virgem?
Alex sorri, encabulado.
ALEX
Sim.
Galo arregala os olhos e ri sua risada estridente, Gongom
faz a sua cara de "óbvio". Sofia olha para os meninos.
Atrás do mato, alguém continua os observando.
GALO
Vamo resolver isso agora mesmo!
Sofia afaga o peito de Alex.
GONGOM
Pera aí gente, ele precisa saber
que não é bem assim.
SOFIA
Como assim?!
GALO
’Que não é bem assim’, bixo, olha
o Gongom!
GONGOM
Ué, que normalmente as pessoas
começam mais convencionalmente...
GALO
Iiiiih....
SOFIA
Ai, que careta Pedro.
GONGOM
Ah, beleza então, vocês todos
foram iniciados num bacanal!
GALO
Deixa de ser moralista Gongom!
Alex vai achando graça na coisa. Mas derrepente pede
silêncio.
ALEX
Shi!...
SOFIA
O quê?
ALEX
Vocês não ouviram?
SOFIA
Ouviram o que?
Alex vai correndo em direção do mato. Vê que alguém foge
dele por entre os capins, que vai afastando, até que
parece ter perdido o traço. Anda mais um pouco,
vagarosamente e de repente afasta um arbusto. Eliza dá um
grito de susto, o que faz Alex se afastar num passo rápido
pra trás. Ela está com a cara e o uniforme sujos te terra.
Então depois do susto, ri da nudez dele e sai correndo.
Alex dá de ombros e volta para a cachoeira, onde encontra
os amigos dando uns amassos na água.
INT. / DIA - CARRO.
Os quatro estão com os cabelos molhados dentro do carro.
Gongom dirige com uma toalha sobre o ombro. Sofia bola um
beck no banco da frente.
ALEX
Vocês não ouviram que tinha
alguém ali?
GALO
Ouvi não.
ALEX
Era uma menina. Vocês tem o
ouvido muito ruim.
SOFIA
De tanto que a gente fala.
Adiante num ponto de ônibus, alguém pede carona.
ALEX
Olha lá, é ela!
Gongom pára o carro. Galo põe a cabeça pra fora da janela.
ELIZA
(sotaque mineiro)
Tão indo pra onde?
GALO
Não sei... Tamo indo pra onde,
gente?
Sofia levanta os óculos escuros.
SOFIA
Sem destino, baby.
ELIZA
Que ótimo. Posso ir com vocês?
GONGOM
Você é maior de idade?
ELIZA
Não. Você tem medo?
SOFIA
Uuuuuh...
GALO
Hihihi!
SOFIA
Entra aí, mulher!
Dentro do carro Eliza reconhece Alex.
ELIZA
Nuh, o peladão!
Os amigos tiram um sarro do sotaque dela.
GONGOM
Nuh, me dá um queijo!
SOFIA
Nuh!
Eliza retruca.
ELIZA
Nossa, que engraçado, meu!
Todos riem.
ALEX
Como é que você chama?
ELIZA
Eliza.
ALEX
Alex.
Os dois dão um aperto de mão.
ALEX
E do que você está fugindo,
Eliza?
Eliza fica séria.
ELIZA
Tô fugindo de nada não... (pausa)
E vocês, do que tão fugindo?
SOFIA
A gente só tá viajando.
ELIZA
Eu também, uai.
Eliza então olha para fora da janela e fica pensativa,
vendo a paisagem passar.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Pedro Gustavo Lia
Cena escrita para os outros:
Balada
Lia com uma lata de cerveja na mão. Estática em meio a uma multidão que dança freneticamente. Não está se divertindo, visivelmete.
-Eu quero sair pra fumar.
-Vai ter que pagar a comanda pra sair.
Lia pega a fila, grande, do caixa.
Paga e sai, com a mão carimbada por um cigarro gigante.
Sai andando pela rua, descalça, cigarro e cerveja.
Anda a esmo.
Passa um carro. Gustavo e Pedro estão dentro do carro. Param na sua frente. Ela xinga. Grita: Deixe-me ir preciso andar.
Pedro coloca a cabeça pra fora da janela.
Pedro - É ela mesmo. Lia! Entra aí.
Lia - Quem é você?
Pedro - Porra, Liazona. Sou eu. Ta maluca?
Lia - Eu quem?
Pedro - O Pedro. E o Gallo ta aqui também.
Lia - Que que vocês querem?
Pedro - Entra aí logo. To parado no meio da rua.
Lia - Quero ir a pé.
Pedro - Pra onde?
Lia - Andar, sei lá.
Pedro – Vamo de carro. Chega mais rápido.
Lia – Não tem onde chegar.
Pedro – Então volta pra balada que a gente já tava chegando.
Lia – Vocês demoraram pra caralho. Eu tava lá dentro sozinha até agora. Não vou voltar nem a pau.
Pedro – Foi mal, Liazona. A gente tava enrolado no ensaio, demorou mais do que a gente achava.
Lia- Vocês me deixaram sozinha. Por duas horas. Num lugar que eu detesto.
Pedro – Cadê seu sapato?
Lia – Saí sem.
Pedro – Vamo embora então, vem.
Lia entra no carro, contrariada.
Gustavo toca uma música no violão pra alegrar a Lia. Ela chora.
Gustavo anda à esmo pela rua. De dia. Descalço. Bêbado. Violão na mão, canta desafinadamente uma música que acabou de criar. Uma música bêbada. Está só.
Vem subindo, na calçada do outro lado da rua, Isabel, rodeada de amigas mulheres. São as suas amigas do teatro. Falam, dão risada, se mexem bastante, muito animadas.
Elas param, ao perceber Gustavo do outro lado. A câmera está do lado de Gustavo, e ao fundo, desfocadas, aparecem Isabel e suas amigas acenando para Gustavo, que não ouve, está imerso em seus pensamentos, em sua nova música.
Isabel se separa das amigas, corre para alcançar Gustavo. Pára diante dele. Ele pára.
- Bel!!
- E aí seu maluco? Tamo ali gritando, te chamando e você nem ouviu.
- Jura? Pô, tava aqui cantando, pensando na vida, caminhando.
- Vamo com a gente
Balada
Lia com uma lata de cerveja na mão. Estática em meio a uma multidão que dança freneticamente. Não está se divertindo, visivelmete.
-Eu quero sair pra fumar.
-Vai ter que pagar a comanda pra sair.
Lia pega a fila, grande, do caixa.
Paga e sai, com a mão carimbada por um cigarro gigante.
Sai andando pela rua, descalça, cigarro e cerveja.
Anda a esmo.
Passa um carro. Gustavo e Pedro estão dentro do carro. Param na sua frente. Ela xinga. Grita: Deixe-me ir preciso andar.
Pedro coloca a cabeça pra fora da janela.
Pedro - É ela mesmo. Lia! Entra aí.
Lia - Quem é você?
Pedro - Porra, Liazona. Sou eu. Ta maluca?
Lia - Eu quem?
Pedro - O Pedro. E o Gallo ta aqui também.
Lia - Que que vocês querem?
Pedro - Entra aí logo. To parado no meio da rua.
Lia - Quero ir a pé.
Pedro - Pra onde?
Lia - Andar, sei lá.
Pedro – Vamo de carro. Chega mais rápido.
Lia – Não tem onde chegar.
Pedro – Então volta pra balada que a gente já tava chegando.
Lia – Vocês demoraram pra caralho. Eu tava lá dentro sozinha até agora. Não vou voltar nem a pau.
Pedro – Foi mal, Liazona. A gente tava enrolado no ensaio, demorou mais do que a gente achava.
Lia- Vocês me deixaram sozinha. Por duas horas. Num lugar que eu detesto.
Pedro – Cadê seu sapato?
Lia – Saí sem.
Pedro – Vamo embora então, vem.
Lia entra no carro, contrariada.
Gustavo toca uma música no violão pra alegrar a Lia. Ela chora.
Gustavo anda à esmo pela rua. De dia. Descalço. Bêbado. Violão na mão, canta desafinadamente uma música que acabou de criar. Uma música bêbada. Está só.
Vem subindo, na calçada do outro lado da rua, Isabel, rodeada de amigas mulheres. São as suas amigas do teatro. Falam, dão risada, se mexem bastante, muito animadas.
Elas param, ao perceber Gustavo do outro lado. A câmera está do lado de Gustavo, e ao fundo, desfocadas, aparecem Isabel e suas amigas acenando para Gustavo, que não ouve, está imerso em seus pensamentos, em sua nova música.
Isabel se separa das amigas, corre para alcançar Gustavo. Pára diante dele. Ele pára.
- Bel!!
- E aí seu maluco? Tamo ali gritando, te chamando e você nem ouviu.
- Jura? Pô, tava aqui cantando, pensando na vida, caminhando.
- Vamo com a gente
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