Cena escrita para os outros:
Balada
Lia com uma lata de cerveja na mão. Estática em meio a uma multidão que dança freneticamente. Não está se divertindo, visivelmete.
-Eu quero sair pra fumar.
-Vai ter que pagar a comanda pra sair.
Lia pega a fila, grande, do caixa.
Paga e sai, com a mão carimbada por um cigarro gigante.
Sai andando pela rua, descalça, cigarro e cerveja.
Anda a esmo.
Passa um carro. Gustavo e Pedro estão dentro do carro. Param na sua frente. Ela xinga. Grita: Deixe-me ir preciso andar.
Pedro coloca a cabeça pra fora da janela.
Pedro - É ela mesmo. Lia! Entra aí.
Lia - Quem é você?
Pedro - Porra, Liazona. Sou eu. Ta maluca?
Lia - Eu quem?
Pedro - O Pedro. E o Gallo ta aqui também.
Lia - Que que vocês querem?
Pedro - Entra aí logo. To parado no meio da rua.
Lia - Quero ir a pé.
Pedro - Pra onde?
Lia - Andar, sei lá.
Pedro – Vamo de carro. Chega mais rápido.
Lia – Não tem onde chegar.
Pedro – Então volta pra balada que a gente já tava chegando.
Lia – Vocês demoraram pra caralho. Eu tava lá dentro sozinha até agora. Não vou voltar nem a pau.
Pedro – Foi mal, Liazona. A gente tava enrolado no ensaio, demorou mais do que a gente achava.
Lia- Vocês me deixaram sozinha. Por duas horas. Num lugar que eu detesto.
Pedro – Cadê seu sapato?
Lia – Saí sem.
Pedro – Vamo embora então, vem.
Lia entra no carro, contrariada.
Gustavo toca uma música no violão pra alegrar a Lia. Ela chora.
Gustavo anda à esmo pela rua. De dia. Descalço. Bêbado. Violão na mão, canta desafinadamente uma música que acabou de criar. Uma música bêbada. Está só.
Vem subindo, na calçada do outro lado da rua, Isabel, rodeada de amigas mulheres. São as suas amigas do teatro. Falam, dão risada, se mexem bastante, muito animadas.
Elas param, ao perceber Gustavo do outro lado. A câmera está do lado de Gustavo, e ao fundo, desfocadas, aparecem Isabel e suas amigas acenando para Gustavo, que não ouve, está imerso em seus pensamentos, em sua nova música.
Isabel se separa das amigas, corre para alcançar Gustavo. Pára diante dele. Ele pára.
- Bel!!
- E aí seu maluco? Tamo ali gritando, te chamando e você nem ouviu.
- Jura? Pô, tava aqui cantando, pensando na vida, caminhando.
- Vamo com a gente
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