Lia ao telefone.
-Oi Gongão, foi você que me trouxe?
-Não???
-Ah, nada não... só queria tirar uma dúvida, então tá, a gente se vê mais tarde.
-Beijo.
Lia na Cinemateca, pergunta ao moço da portaria.
-Oi, acharam uma mochila ano retrasado, em setembro mais ou menos?
-Olha, isso já faz muito tempo, não acha não? Com certeza a mochila não está aqui, se a achamos, já deve ter tido um outro destino.
-Nossa, eu preciso tanto dela, preciso pra ir viajar...
-Mas moça, você já está sem ela faz mais de um ano e meio!
-Pois é, é esquisito, mas preciso dela pra ir viajar mesmo, senão não dá.
-Ó, eu sinto muito moça, mas acho que não vou poder ajudar, faz muito tempo mesmo.
Lia no posto de gasolina da Cena Madureira, mesmas perguntas , mesmas respostas.
Lia no Empurra-empurra (monumento), Guto aparece:
-Desencana Liazona, vai sem ela.
-Não dá, Guteba, não consigo.
-Tá com medo de quê? Tem um monte de mochila que vai com a gente.
-Eu preciso guardar certas coisas que não cabem no bolso, as coisas que não cabem em mim...guardar na mochila, pra dar uma divididinha, sabe? A vergonha por exemplo, imagina ela toda só comigo...
-Puta Liazona, você não precisa de uma mochila. Deixa tudo aqui, ou quase tudo... é mais fácil sem tanta coisa pra carregar.
-Será?
-Sim, vai indo pros lados de casa que eu vou buscar a Bijourica. E olha a chuva heim, num tem um guarda-chuva no seu bolso, não, Bichinho?
-Pó deixa, eu amo a chuva.
-Vamo ATRAVESSAR, Liazona!
Lia tira do bolso um texto xerocado, dois maços de cigarro vazios, uns papéis, procura um lixo e vai embora sorrindo.
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