O Processo de um Filme.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Processo: 4ª Reunião

A quarta reunião ocorreu neste domingo 21/02, aqui em casa novamente.

Primeiro vimos o filme Old Joy. Como sempre o filme foi visto com um objetivo específico, que no caso era atentar para as possibilidades de encenação de questões pessoais nossas, enquanto atores de um documentário: como transformar em cenas os conflitos e relações entre as pessoas do grupo? Essas questões devem ser explicitadas ou ficarem no subtexto?

Para explorarmos estas possibilidades, foram feitas duplas entre os atores, as quais devem construir livremente cenas que falem um pouco de suas relações. A apresentação e gravação destas cenas ficaram marcadas para daqui duas reuniões (07/03/2010) . As duplas definidas foram: Adelita e Guto, Galo e Wagner, Lia e Tom e Pedro e Sofia.

Mas, como todos os filmes, Old Joy suscitou muitas outras questões além das quais nos propomos a atentar a princípio. O filme se constrói num ritmo muito próprio, onde parece haver uma convergência entre dramaturgia e visão política muito bem pensada. Há muitos silêncios, planos longos, que atuam simultâneamente na construção da distância e desconforto que se estabeleceu entre os dois amigos (que depois são resignificados como uma harmonia silenciosa, uma relação de amizade não explicativa entre os dois), mas que são também uma afirmação do diretor de que é possível fazer filmes que se permitam um ritmo que demande do espectador um envolvimento voluntário maior, que não sacrifique a delicadeza do assunto, a sutileza das relações por conta de um ritmo comercialmente mais eficaz, por assim dizer. O fato é que pode-se dizer que a industrialização de tudo é um subtema deste filme, o qual ele aborda e ataca fazendo-se de forma barata e expondo escolhas (ainda que muito pequenas) que vão de encontro a uma opção de vida altamente consumista. Um filme barato então, que se faz possível e relevante sem ter que girar uma enorme quantia de dinheiro e energia em torno de si.

Isso nos abre infinitas possibilidades. Não acredito que o Travessia terá um ritmo parecido, pois a natureza de nossas relações é, digamos, mais frenética. Mas nos mostra a caminhos e possibilidades, a força e relevância que pode haver numa obra que não se paute por atingir milhões de pessoas, mas em ser profunda e coerente para o número de espectadores possível de se atingir sem se imbuir de uma lógica industrial, tanto na produção, como na linguagem.

Depois falamos um pouco sobre os personagens que criamos, mas deixamos para explorá-los melhor na semana seguinte.

A próxima reunião será domingo que vem, às 20h00, na casa do Guto. A idéia é que gravemos 'entrevistas' sobre os personagens criados e depois nos debrucemos sobre o mapa para começarmos a traçar nosso roteiro de viagem. Até lá.

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